Roda
"Naquele tempo só havia a quarta classe."
Trabalha desde os doze e está com sessenta
e sete. Já foi trolha, motorisra, sapateiro.
Na vedade, só tem medo das alturas.
Certo dia preparou a cabeça para poder
andar à roda. E partiu para o Luxemburgo.
"Há terras que a gente nem imagina que existem."
Regressava quase sempre pela festa de S. Lázaro,
o presente e o passado a uma estrada de distância.
Com os anos percebeu uma coisa curiosa:
"os rapazes que ficaram queriam ter a minha vida
e eu queria ter a vida dos rapazes que ficaram".
Vítor Nogueira
in Comércio Tradicional, Averno/ 2008.
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