sexta-feira, setembro 08, 2006

DEIXEM O SOL ENTRAR

Num dos depoimentos do livro sobre os 25 anos do Centro de Estudos Judiciários, um ex-docente relembra-se de "em certa sessão de trabalho, ter (...) deparado com uma Auditora fixando o além que havia para lá de uma janela gradeada: o que tinha valor histórico mas, realmente, dava a ideia de uma prisão. Perguntei-lhe o que se passava e respondeu-me, mais ou menos, isto: aqui está o Direito, mas a vida e o sol estão lá fora ..."
Foi exactamente essa imagem das janelas do Limoeiro vistas de dentro, em que também eu, quando auditor de justiça, me fixava muitas vezes durante as aulas a que ali se chamam sessões, que me levou, no ano de 1986 (recém-licenciado mas já com uma vida mais longa), a escrever este poema:
Deixem o sol entrar
reflectir-se nos nossos corpos
como numa lente e atear
a fogueira
que incendiará mitos e padrões.
Vamos plantar o inesperado
nas paredes e neste espaço
vê-lo rebentar em flores com ventres
cheios e a saber a frutos
e prová-los
como se prova cada pedaço da vida sem antes
lhe conhecer o gosto.
in Cadernos de Literatura (Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra) nº 26 - 1986

2 Comments:

At sexta-feira, 08 setembro, 2006, Blogger L.P. said...

Este post, colocado no dia seguinte à festa de apresentação do novo semanário SOL, pode dar azo a muitos equívocos :)

 
At sexta-feira, 08 setembro, 2006, Blogger L.P. said...

Ora veja esta maldade que o "Miguel" colocou no final deste post: http://corporacoes.blogspot.com/2006/09/o-sol-na-terra.html

 

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