sexta-feira, setembro 08, 2006

CEJ: 25 ANOS, MEMÓRIA DO FUTURO




O conjunto de depoimentos coligidos neste livro que assinala os 25 anos do Centro de Estudos Judiciários constitui (conjuntamente com os depoimentos dos seus ex-directores publicados no nº2 da Revista do CEJ) um documento importante para a história da instituição porquanto, embora seja visível a ausência de alguns dos que marcaram e têm marcado de forma indelével o seu rumo, neles se espelha o que foi a atitude e o que foram as opções de cada um enquanto ao seu serviço, nuns casos de forma explícita noutros apenas subentendida.
Quem viveu a realidade do CEJ por dentro e conheceu os seus protagonistas, encontra em cada um dos depoimentos aquilo que esperava encontrar. Quem a não viveu, tem ali uma radiografia muito aproximada da realidade sobre as preocupações, sobre os consensos e, fundamentalmente, sobre as contradições que geraram as tensões que, como em qualquer outra instituição, traçaram o seu percurso.
Este era um documento que faltava à história da formação dos magistrados em Portugal. Fica a faltar ainda o tratamento, organização e abertura do acervo documental do Centro de Estudos Judiciários.
Nele está bem evidenciada a que foi até agora a imagem de marca do CEJ – a formação inicial, que tem monopolizado quase todas as preocupações e quase todos os debates. Nele são, significativamente, quase esquecidos aqueles que são, a meu ver, os desafios (e as missões) centrais que a actualidade lhe coloca – a formação contínua e a investigação judiciária.
Talvez a decisão de não colocar este livro no mercado resulte da consciência de que é um documento muito “internista” e, por isso, mais vocacionado para a partilha da memória com os amigos. É, contudo, uma fatia da realidade cujo amplo conhecimento permite pensar e preparar melhor o futuro.