quinta-feira, fevereiro 02, 2006

SÓ PODE SER UMA BRINCADEIRA

Bem vistas as coisas, este escrito só pode ser uma brincadeira. Ou, talvez, um exercício de argumentação pelo absurdo. Para não dizer mesmo uma caricatura daquilo que seria um feminismo ridículo. Recomenda-se, por isso, a sua leitura.

Refiro-me ao texto hoje publicado no jornal Público com o título O sorriso do procurador-geral.

Aqui ficam algumas passagens:

“Estou fora do tempo e do espaço, mas ainda tenho a capacidade de me espantar. Vendo um telejornal, ilustrado por imagens, contava-se das respostas do procurador-geral da República aquando da sua visita à Assembleia. Os rostos eram sérios, tratava-se de assuntos sumamente importantes ...
Eis senão quando vejo a face do procurador abrir-se num sorriso – sorriso condescendente, paternalista. Sorriso de à vontade, dali não vem coisa séria. E de repente percebi – Ana Drago, do Bloco de Esquerda, punha algumas questões. Jovem, mulher, o sorriso dizia: tão jovem menina a meter-se em assunto de homens sérios. O sorrio dizia: a esta não terei de dar uma resposta séria (não deu), basta-me sorrir e ficará reduzida à sua insignificância. Um sorriso de senhor.
Um sorriso que contava como as questões, quando postas por mulheres, deixam de ser importantes ...
O sorriso que não estamos mais dispostas a suportar. Não somos uma anedota, nem bonecas engraçadinhas, nem incapazes de tomar decisões, nem o nosso cérebro é semelhante ao de uma criança de 11 anos, como se dizia nos anos 30. Somos metade dum povo, aquele que faz e constrói um país, somos quem mantém as nações, sobrevindo quando tudo o resto falha, como em tempo de guerras. Trabalhamos, cultivamos, alimentamos, damos vidas e cuidamos da vida e da morte. Sorriso de quê?”