terça-feira, janeiro 31, 2006

O ARRUMAR DOS PAPÉIS (14)



VIVA O 18 DE JANEIRO DE 1934

HÁ 40 ANOS NA MARINHA GRANDE



“Dia 18 de Janeiro, a classe operária e todo o povo trabalhador de Portugal comemora uma das datas mais importantes da sua história. Foi nesse dia, em 1934, que os operários da indústria vidreira da Marinha Grande unidos em torno dos seus elementos mais conscientes, pegaram em armas e durante algumas horas forom donos das suas fábricas, da sua vida e dos seus destinos. Sabemos que o movimento acabou numa derrota e que foi completamente reprimido pela tropa e as forças policiais do governo fascista de Salazar vindas de Leiria. Apesar disso ... o 18 de Janeiro de 1934 é um enorme contributo para a história e a tradição de luta da classe operária e do povo trabalhador.
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“... José Gregório, militante do P.C., relatou-nos o que se passou na Marinha Grande num documento que data de 1955, do qual damos um resumo.
Depois de elaborado o plano da tomada da vila por um comité, tinha à cabeça Manuel Esteves de Carvalho (o Manecas), procedeu-se à distribuição das armas em Casal Galego. À uma hora da noite de 17 para 18 de Janeiro, depois do sinal combinado começou o ataque: 5 brigadas de 5 operários cada atacaram o posto da GNR e o edifício dos correios prendendo os guardas e o chefe dos correios (fascista Leal), outras brigadas cortaram as linhas telefónicas e obstruíram com árvores as estradas de ligação com Leiria, Pataias e Vieira de Leiria e a linha férrea. A notícia correu veloz por toda a vila e pelos arredores que o poder da M.G. tinha passado para as mãos da classe operária e de todos aqueles que produzem os bens da terra; a população trabalhadora em peso apareceu para ocupar as suas fábricas de vidro e abrir o sindicato. Horas de intensa emoção foram vividas, deu-se vivas à classe operária, ao comunismo e os operários preparavam-se para organizar a sua defesa quando os tiros das tropas, da polícia e da Pide vindas de Leiria se fizeram sentir.
A repressão foi violentíssima, alguns operários ainda fugiram para o pinhal mas acabaram por serem mortos ou presos. O levantamento tinha sido derrotado: os principais dirigentes, como António Guerra, António Costa foram mortos no Tarrafal e Cobra, assim como outros corajosos filhos da classe operária, ficaram longos anos presos ou morreram”.

O Grito do Povo
Órgão da Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa

Nº 22, Janeiro/Fevereiro de 1974
Preço 1$00