domingo, dezembro 11, 2005

O ARRUMAR DOS PAPÉIS (11)


Em 11 de Dezembro de 2002 iniciou-se o primeiro Ciclo Justiça e Literatura organizado pelo Centro de Estudos Judiciários, com a participação da Escola Superior de Teatro e Cinema.

Escrevi então o seguinte texto para o folheto de apresentação:
“Justiça e Literatura partilham o terreno da vida e dos conflitos sociais, da relação dos homens com o justo e com a norma.
A Justiça oferece, amiúde, à Literatura a matéria áspera para o seu trabalho de produção estética.
A Literatura oferece à Justiça a reflexão sobre o comportamento humano e social, e também sobre a lei, o fenómeno judiciário e as suas práticas.
JUSTIÇA E LITERATURA é o tema deste ciclo organizado pelo Centro de Estudos Judiciários, que se inicia com a abordagem das relações entre o Direito, a Literatura e a Prática Judiciária e prosseguirá com cinco conversas centradas em cinco livros de escritores contemporâneos de língua portuguesa, em que a justiça é protagonista.
Conversas que contarão com a participação da Escola Superior de Teatro e Cinema, que fará o tratamento cénico de extractos daquelas obras literárias”.

O tema de abertura - A Prática Judiciária Entre o Direito e a Literatura - foi tratado por Joana Aguiar e Silva (Assistente da Escola de Direito da Universidade do Minho), cujo texto veio a ser publicado no nº1 da Revista do CEJ, e do qual passo a transcrever o resumo:
“A natureza constitutivamente interpretativa do universo jurídico, dos discursos, textos e histórias em que se materializa, e a dificuldade, daí decorrente, em aceder a soluções perfeitas e acabadas, a verdades últimas e absolutas, põem em evidência os benefícios que se poderão colher de um casamento dos estudos jurídicos com os literários. Se, por um lado, a teoria do Direito pode usufruir do avanço que, em domínios como os da interpretação ou da retórica, lhe leva a teoria literária, também na configuração do horizonte ético-normativa em que se desenrola a tarefa hermenêutica do jurista estes estudos interdisciplinares se mostram de capital importância, pelo valor que a leitura de obras literárias pode representar na formação do jurista comprometido com a realidade da justiça: do jurista enquanto cidadão e enquanto elemento fundamental na preservação e promoção de uma cultura jurídica humanista. Aquela a que verdadeiramente devemos aspirar”.

Programas

I CICLO JUSTIÇA E LITERATURA
(11 de
Dezembro de 2002 a 14 de Maio de 2003)

Tratado das Paixões da Alma – António Lobo Antunes, com Laborinho Lúcio

Os Dois Irmãos
– Germano Almeida, com Armando Marques Guedes

Ursa Maior
– Mário Cláudio, com Rui Abrunhosa Gonçalves

O Supremo Interdito – Urbano Tavares Rodrigues, com João Paulo Ventura

II CICLO JUSTIÇA E LITERATURA
(13 de Maio a 8 de Julho de 2004)

Juízo Perfeito – Julieta Monginho, com José Manuel Mendes

Jaime Bunda
– Pepetela, com Rui Pereira

Fantasia Para Dois Coronéis E Uma Piscina – Mário de Carvalho, com António Hespenha.

Morte no Estádio – Francisco José Viegas, com José Manuel Delgado.
(A coordenação cénica deste II Ciclo foi do encenador Carlos Pessoa)