segunda-feira, novembro 14, 2005

FUNCIONÁRIO, O PÚBLICO

Este seu dia ajustado
numa sala onde balança
entre o papel que é seu prado
e o escrevinhar algum lance
do relinchar burocrático
é um tempo alinhavado
com peripécias uivantes
e intervalos cantados
a cumprir aquilo que ordena
alguém algures distante
(o chefe - o engravatado
sobre esporas cintilantes),
e um tempo encurralado
com a cabeça a boiar
e o gesto condizente
ao bocejo do enfado
na mesa de funcionar
- perdido (nunca encontrado)
nas cavernas do horário.

João Rui de Sousa
de Lavras e Pousio
D. Quixote (Outubro 2005)