quinta-feira, outubro 27, 2005

OBEDIÊNCIA

Manipulo a experiência quando sinto o corpo silábico, astuto.
Dissolvo-me, contraio-me, debruço-me sobre a animosidade,
ajoelho, digo sim: consentir é uma dinâmica de recusa.
Meus olhos são dois buracos negros num sarcófago, mas as mãos
amachucam, furtivas, as palavras obstinadas que me levam a ti.


Ana Marques Gastão
sobre Obedience (2000), de Paula Rego

de NÓS / NUDOS (25 poemas sobre 25 obras de Paula Rego), que acaba de ganhar ex-aequo o prémio Pen Clube de Poesia referente ao ano de 2004.