quinta-feira, agosto 04, 2005

MANCHETES

A propósito de manchetes, fui ali pegar num interessante e importante estudo de Pierre Guibentif (com a colaboração de Vanda Gorjão e Rita Cheta) cujo título é COMUNICAÇÃO SOCIAL E REPRESENTAÇÕES DO CRIME, publicado nos Cadernos do CEJ. Infelizmente não tão conhecido como devia, por ter sido ainda (o último) produto da malfadada ideia de que a instituição devia produzir as suas edições
O estudo terminou em 1998 e a edição é de 2002.
Focalizou-se na análise das primeiras páginas dos jornais (apenas os editados em Lisboa) por, entre outras, duas razões:
1ª A "especificidade da leitura dos jornais em Portugal": "sabe-se que é usual, aqui, os vendedores de jornais exibirem na rua os principais jornais que vendem, funcionando a primeira página como "manchette", ou como argumento de venda dos jornais. Neste contexto, pode presumir-se [o que o estudo confirmou] que as primeiras páginas dos jornais não são lidas apenas por pessoas que chegam a dispor dos jornais para ler tudo o que lhes interessa, mas também por todos que passam ao pé de pontos de venda de jornais e que têm a possibilidade de tomar conhecimento dos título destacados". Ou seja, as manchetes têm um público muito mais amplo do que o conteúdo do jornal, constituindo para os "passantes" a única informação recebida;
2ª Constituem "partes dos jormais cuja redacção é menos personalizada, menos ssusceptível de depender da subjectividade de um redactor em particular, e que são mais reflexo de um clima geral na redacção, ou do que um certo número de redactores considera ser o clima dominante no público do jornal. A sua concepção resulta de decisões que (...) envolvem não apenas os jornalistas autores das reportagens e os responsáveis das várias secções, mas também os altos responsáveis da redacção."
E são as manchetes que marcam mais fortemente a agenda, e as televisões amplificam!